“Carne fraca”: o que meus filhos vão comer???

Depois do escândalo da “Carne Fraca”, fica um grande medo e dúvidas nas famílias sobre o que fazer com a alimentação dos seus filhos. Na verdade, carne não precisa, nem deve ser a base da alimentação humana, nem das crianças. Ela deve compor uma alimentação variada.

Mas contém nutrientes muito importantes, especialmente o ferro e o zinco, essenciais para o bebê, então não deve ser retirada da alimentação sem orientação de uma nutricionista. O segredo é o equilíbrio.

Por isso, segue um texto da excelente Joana Adnet, nutricionista do Rio de Janeiro, cujas opiniões respeito bastante. Agradeço a ela por ceder o texto para publicação.

O que meu filho vai comer?

A explosão do escândalo da “carne fraca” deixou todo mundo apavorado, em especial mães e pais de bebês em fase de introdução alimentar.

Temos aqui no Brasil, por conta de uma grande massa populacional em risco de desnutrição protéico-calórica e anemia ferropriva, uma hipervalorização do consumo de carne na infância (e prescrição de rotina de suplemento de ferro, mesmo sem nenhum sinal de deficiência).

Mas o fato é que não precisamos dessa carne toda (e nem desse ferro todo), de modo geral. Sempre sugiro o consumo de ovo (pode comer sem medo! 3, 4 vezes por semana), de preferência o caipira ou o orgânico, de feijões variados (preto, branco, marrom, vermelho, ervilha, lentilha, grão-de-bico, feijão fradinho e tantos outros), peixes de boa procedência, frango orgânico…A carne vermelha pode ficar lá no final dessa lista.

Bebês amamentados recebem algum ferro pelo leite materno e ainda o trunfo de uma proteína que ajuda na sua absorção, a lactoferrina (linda maravilhosa <3), então, seguir amamentando por 2 anos ou mais (como recomenda a OMS) pode fazer diferença nesse sentido de prevenir anemia ferropriva no bebê/criança.

Voltando um pouco mais nessa cronologia, lá pro parto, o clampeamento tardio do cordão umbilical pode ser outro grande aliado na prevenção de anemia, uma vez que o bebê fica recebendo sangue do cordão umbilical enquanto ele estiver pulsando. Cortar depois de parar de pulsar só traz vantagens.

Voltando aqui pro nosso assunto, alimentação colorida, saborosa, divertida, com muitos feijões, ovos, frango (de boa procedência) e peixe, está de ótimo tamanho. Carne vermelha aqui e ali, pontualmente, não vai fazer mal, mas diante desse cenário, sugiro procurar carnes de pequenos produtores ou orgânicas. E garantir uma boa cocção.

Nota minha(Flávio): os alimentos mais suspeitos são aqueles que você já não devia dar regularmente ao seu filho, que são os ultraprocessados com carnes, como hambúrguer, salsichas, embutidos, nuggets e similares. Então, mais um motivo para não ter esse tipo de alimento na sua casa.

 

 


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Dr Flávio Melo - pediatra

Atua em consultório privado na cidade de Solânea/PB há mais de 19 anos e trabalha como coordenador no Hospital Regional de Guarabira, do projeto da Rede de Cardiologia e Perinatologia da Paraíba, que atende crianças com problemas cardíacos congênitos. Atualmente, ajuda a milhares de mães, pais e responsáveis, em todo o país, através da transmissão do seu conhecimento sobre cuidado de crianças e bebês, com uma linguagem simples, prática e acessível, por meio de conteúdos diários que impactam mais de 690 mil pessoas pelo Instagram, no perfil @flaviopediatra Enxergo que o futuro da prevenção na criança, passa por uma atuação nos hábitos familiares e estilo de vida, desde antes do casal engravidar.

8 comentários em ““Carne fraca”: o que meus filhos vão comer???

  • 26 de junho de 2017 a 14:33
    Permalink

    Assistam ao documentário na Netflix “What the health”… Carne é totalmente desnecessária… Pra gestante, pra bebê, pra criança e pra adultos…

    Responder
  • 16 de junho de 2017 a 09:46
    Permalink

    Vitamina C ajuda na absorção do ferro?

    Responder
  • 16 de junho de 2017 a 09:45
    Permalink

    Mais uma vez, ótima publicação!

    Responder
  • 4 de maio de 2017 a 06:30
    Permalink

    Adorei a matéria, já compartilhei! Muito obrigada!
    Gostaria de tirar uma dúvida.
    Meu filho tem um ano e quase cinco meses. Utilizamos o leite materno, ele mama à noite para dormir e ao levantar. Fora isso, à tarde ele toma fruta com iogurte integral sem açúcar ou com leite tipo A de saquinho. Durante o restante do dia, ele consome todos os alimentos super bem. Porém, acredito que devemos tirar a mamada da manhã e gostaria de saber o que deveria colocar no lugar? Pedro vem dando alguns sinais sobre não precisar mais dessa mamada, pedindo outros alimentos e também não pedindo o peito, o que antes acontecia.
    Penso do desmame ser algo natural e sinto que naturalmente, chegou o momento de retirar essa mamada. Manterei a da noite, para dormir até pelo menos os dois anos.
    Enfim, gosto muito das suas postagens e gostaria de uma opinião sobre como deixar esse café da manhã sem o leite materno.
    Muito obrigada.
    Maiara

    Responder
  • 18 de março de 2017 a 21:31
    Permalink

    Durante a introdução alimentar, sempre pensei no ovo (do sítio dos meus avós) como um trunfo. Até descobrir minha filha alérgica a ele. Pensei que a carne vermelha fosse muito importante. Vou valorizar mais o frango (orgânico). Obrigada pela matéria.

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