Coqueluche – você precisa agir agora

 

 

Casos de coqueluche estão aparecendo novamente – já não é uma doença do tempo de nossos avós. Todo cuidado é pouco, principalmente com nossos pequenos. Veja neste post um caso dramático de um bebê de dois meses que foi salvo por pouco e aprenda o que fazer para proteger seus amados.

Posso desabafar um pouco? Vida de médico é dura!

Uma das coisas mais difíceis na tarefa de ser médico, é a necessidade de atualização contínua e nos tempos de internet e smartphones, é quase minuto a minuto.

Pior que isso, é a sensação de enxergar doença toda hora nas pessoas.

I-see-dead-peopleLembram daquele menino do filme que dizia: “- Eu vejo gente morta…o tempo todo…”? Pois é, a gente, por mais que não queira, vê, escuta e sente doença o tempo todo. Mais do que gostaria, às vezes.

Um aperto de mão meio suado, uma pele um pouco pálida, uma postura um pouco mais curvada, um andar mais hesitante ou uma piscadela diferente nos olhos e pronto. Já estamos vendo gente doente, mesmo que seja naquele aniversário animadíssimo.

Não é incomum que estejamos atendendo um paciente e uma tosse estranha nos chame atenção na sala de espera. Sim, a gente escuta esse tipo de tosse através da porta!

Uma história real do presente (apesar de parecer do passado)

Um dia, há uns quatro anos, estava eu atendendo e uma tosse dessas me atiçou os sentidos. E eu aperreado, querendo que essa paciente entrasse logo, por dois motivos:

1- eu sabia que ela estava literalmente despejando bactérias (chamada Bordetella pertussis) nas outras pessoas e nas crianças na sala de espera;

2- eu sabia que iria complicar, mais hora, menos hora.

E ela entrou. Após examiná-la, sua mãe arregalou os olhos quando disse que o diagnóstico provável daquele bebê de 2 meses era coqueluche. Eu sabia disso pois ao tossir sufocava e emitia um ruído característico, chamado guincho.

A mãe exclamou: “- Mas doutor, não é possível, isso é doença do tempo da minha avó!!!”

E eu disse: “- Não, é aquela doença do tempo da sua avó, mas que infelizmente está voltando com toda a força.

Eu havia acabado de voltar de um congresso, onde um especialista da Costa Rica tinha nos alertado da explosão da coqueluche no seu país e sabíamos que aqui não seria diferente.

Quando encaminhei para o internamento no hospital referência em doenças infecciosas e onde ela poderia ficar isolada, fui chamado de doido por um “colega” que recebeu a bebê e a dispensou, dizendo que essa doença não existia mais, era doença do tempo da sua avó (?!?!?!?!).

Se não fosse um acesso de tosse na recepção do hospital, que levou a bebê quase a uma parada cardíaca e a pronta ação dos colegas da pediatria, a bebê talvez não estivesse mais por aqui.

Dia desses, a mãe me procurou no consultório e lembramos juntos o “sufoco” que passamos com a doença da menina.

Não se engane – vacinar é primordial: o trágico caso da Califórnia

Nesses tempos de mitologia irresponsável sobre possíveis danos que as vacinas podem causar, foi exatamente um desses movimentos anti-vacinação, na Califórnia, entre 2012 e 2014, que contribuiu para a explosão de casos e mortes de diversos bebês por Coqueluche.

O que ocorre é que a doença é 25 vezes mais incidente entre bebês não vacinados. Com a constatação de que a imunidade causada pela vacina não é definitiva e que adolescentes e adultos jovens eram transmissores da bactéria para os pequeninos, formou-se o cenário ideal para uma epidemia e o grande aumento de casos. Há vários outros motivos, mas como o post não é palestra médica, fiquem com o básico.

Aqui não deve ser diferente, apenas não temos dados confiáveis, para variar.

Então, como proteger seu bebê contra a coqueluche?

Vacinar gestantes, familiares e pessoas próximas é importante
Vacinar gestantes, familiares e pessoas próximas é importante

Gestantes devem tomar a vacina Tdap entre 27 a 36 semanas, idealmente, ou imediatamente após o parto, independentemente de ter recebido qualquer dose de reforço para o tétano e a difteria, em qualquer tempo.

Familiares, cuidadores ou quaisquer pessoas que tenham contato frequente com o bebê, devem também tomar esse reforço antes do bebê nascer.

Adolescentes devem fazer o reforço com pelo menos 1 dose de Tdap, a cada 10 anos posteriormente.

E lembre-se, não ache que seu médico está maluco quando ele lhe falar dessa doença, isso é um sinal importante que ele está ligado no que está acontecendo.

Compartilhem à vontade, como sempre.


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Dr Flávio Melo - pediatra

Atua em consultório privado na cidade de Solânea/PB há mais de 19 anos e trabalha como coordenador no Hospital Regional de Guarabira, do projeto da Rede de Cardiologia e Perinatologia da Paraíba, que atende crianças com problemas cardíacos congênitos. Atualmente, ajuda a milhares de mães, pais e responsáveis, em todo o país, através da transmissão do seu conhecimento sobre cuidado de crianças e bebês, com uma linguagem simples, prática e acessível, por meio de conteúdos diários que impactam mais de 690 mil pessoas pelo Instagram, no perfil @flaviopediatra Enxergo que o futuro da prevenção na criança, passa por uma atuação nos hábitos familiares e estilo de vida, desde antes do casal engravidar.

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