Esse é o último post da série de 7 que fiz para incentivar a amamentação.
Espero que possa ter te ensinado algo novo e estimulado as famílias a dar apoio cada vez maior a este ato tão importante para uma boa saúde das futuras gerações.
Vamos recapitular o que falamos nesta série:
Post 1: Como é a produção do leite materno
Post 2: Qual a composição do leite materno
Post 3: Como turbinar seu leite
Post 4: Benefícios para o bebê
Post 5: Benefícios para a mamãe
Post 6: Quando não amamentar (e quais os mitos que te dizem)
Mas mesmo com toda a informação disponível, a amamentação muitas vezes é comprometida com mitos, preconceitos e atitudes negativas.
Como vocês sabem que gosto de desmistificar, compartilho a tradução desse texto publicado por Lisa Marasco, assistente de aleitamento.
Foi publicado no site da La Leche League International, uma organização que apoia, dá treinamento e consultoria para profissionais e famílias com problemas de amamentação.
24 Mitos comuns sobre amamentação
Mito 1 : Amamentar frequentemente leva à baixa produção de leite, contribuindo para o desmame.
Realidade: O suprimento de leite é otimizado quando um bebê saudável mama sob livre demanda, sempre que ele necessitar.
O reflexo de ejeção de leite funciona mais na presença de mais estímulo de sucção, que acontece quando você não limita as vezes que o seu bebê vai ao seio. A mama é fábrica (80%) e estoque (20%).
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Mito 2: A lactante só precisa amamentar de 4 a 6 vezes ao dia para manter o suprimento de leite para o bebê.
Realidade: Os estudos mostram que quando uma lactante amamenta precocemente e frequentemente, uma média de 10 vezes ao dia nas duas primeiras semanas, sua produção de leite é bem maior.
Seu bebê ganha mais peso e ela tende a manter a amamentação por um período mais longo. A produção do leite está relacionada diretamente com a frequência e o suprimento de leite diminui quando as mamadas são infrequentes ou limitadas.
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Mito 3: Bebês mamam todo o leite que precisam nos primeiros 5 a 10 minutos.
Realidade: Enquanto muitos bebês mais velhos podem obter a maioria do leite nos primeiro 5 a 10 minutos, isso não pode ser generalizado para todos os bebês.
Recém-nascidos, que estão aprendendo a mamar e não são tão eficientes na sucção, frequentemente necessitam de mais tempo para mamar.
A habilidade de sugar também tem a ver com a o reflexo de ejeção materno, que varia entre as lactantes. Enquanto certas mães podem ejetar imediatamente, algumas podem não ser tão eficientes.
Algumas ejetam o leite em pequenas alíquotas, várias vezes na mesma mamada. Melhor do que tentar adivinhar como você funciona, é observar os sinais de saciedade do bebê como relaxamento de mãos e braços e auto-desprendimento.
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Mito 4: A lactante deve espaçar as mamadas, para que seus seios tenham tempo para encher novamente de leite.
Realidade: Cada dupla mãe/bebê são únicos. O corpo de uma lactante está sempre produzindo leite. Suas mamas funcionam em parte como estoque, algumas armazenando mais que outras.
Quanto mais vazia estiver a mama, mais rápido o corpo produz leite para abastecê-las. Quanto mais cheias as mamas estiverem, mais a produção fica lenta. Se uma mãe fica forçadamente esperando que as mamas encham, seu corpo pode interpretar que está produzindo demais e reduzir a produção total.
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Mito 5: Bebês precisam de 6 a 8 mamadas por dia até 2 meses de vida, 5 a 6 com 3 meses e não mais que 4 ou 5 aos 6 meses de idade.
Realidade: Um bebê em aleitamento materno exclusivo sob livre demanda, varia sua ingesta de acordo com o suprimento de leite da mãe e sua capacidade de armazenamento, bem como de acordo com as suas necessidades de desenvolvimento.
Surtos de crescimento e doenças podem mudar temporariamente seu padrão de alimentação. Estudos mostraram que bebês em AM sob livre demanda vão estabilizar o ritmo de amamentação em um padrão que se enquadra na sua necessidade.
Além disso, a ingesta calórica de uma bebê em AM aumenta no final da mamada. Dessa forma, colocar limites na frequência e no tempo pode levar à menor ingesta calórica do que a sua necessidade.
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Mito 6: É a quantidade de leite que o bebê ingere (quantitativo), e não o tipo, leite humano ou fórmula (qualitativo), que determina o intervalo das mamadas
Realidade: Bebês em aleitamento materno exclusivo tem esvaziamento gástrico mais rápido do que bebês em uso de leite artificial (1,5 horas versus 4 horas), devido ao menor tamanho das moléculas de proteína no leite materno.
Enquanto a quantidade ingerida é um fator que pode determinar a frequência de alimentações, o tipo de leite também é muito importante.
Estudos antropológicos com leite de mamíferos confirmam que bebês humanos tendem à amamentar frequentemente e sempre o fizeram ao longo de toda nossa evolução.
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Mito 7: Nunca acorde um bebê para mamar.
Realidade: Enquanto a maioria dos bebês consegue indicar quando necessitam se alimentar, os recém-nascidos podem não acordar sozinhos com facilidade e devem ser acordados, se necessário, para comer pelo menos 8 vezes ao dia.
Isso pode acontecer por medicamentos que a mãe tomou no parto, medicações que a mãe esteja tomando, icterícia, traumatismos, chupetas e comportamento de recusa após pouca resposta à sinais de fome.
Além disso, mães que querem ter a vantagem da contracepção natural proporcionada pelo Aleitamento Materno Exclusivo, percebem que há um atraso no retorno do ciclo menstrual quando o bebê continua mamando no período noturno.
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Mito 8: O metabolismo de um bebê é desorganizado ao nascimento e requer a implantação de uma rotina alimentar para estabilizar essa desorganização.
Realidade: Rotina só vale para o ritual do sono noturno e não para a amamentação. Ao longo do tempo o bebê vai se adaptando ao ritmo familiar e adquirindo um padrão de horário e frequência, espaçando a alimentação.
Mas isso ocorre aos poucos, a rotina do sono envolve o período noturno, mas sempre que o bebê acordar dando sinais de fome, deve ser alimentado.
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Mito 9: : Lactantes sempre devem oferecer os dois seios na mamada
Realidade: É mais importante deixar o bebê terminar o primeiro seio, mesmo que signifique não mamar no outro seio na mesma mamada.
O leite posterior é obtido gradualmente enquanto o seio é drenado. Alguns bebês, se mudados prematuramente de seio, podem se fartar no leite anterior dos dois seios, que é menos calórico.
Nesta situação pode não obter quantidades equilibradas de leite anterior e posterior, resultando em um bebê irritado e pouco ganho de peso.
Nas primeiras semanas, muitas mães oferecem ambos os seios na mamada, mas nesse caso pode ser um facilitador para aumentar a produção.
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Mito 10: Se um bebê não está ganhando peso, pode ser devido à baixa qualidade do leite materno. O mito do leite fraco.
Realidade: Estudos mostraram que mesmo mulheres desnutridas são capazes de produzir leite materno em quantidade e qualidade suficientes para suprir o crescimento do bebê.
Na maioria dos casos, o ganho de peso está relacionado à baixa ingesta de leite ou por um problema de saúde do bebê.
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Mito 11: A baixa produção de leite é comumente causada por estresse, cansaço e/ou pouco líquido ou alimento na dieta materna
Realidade: A causa mais comum de problemas no suprimento de leite materno são as mamadas infrequentes ou pega ou posição do bebê inadequada.
Ambas são normalmente devido à orientações inadequadas à lactante. Problemas de sucção no bebê também podem impactar na produção do leite materno.
Estresse, cansaço e má nutrição são causas raras de falha no suprimento de LM porque o corpo tem mecanismos de sobrevivência extremamente desenvolvidos para proteger a amamentação durante períodos de suprimento insuficiente de alimentos para a mãe.
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Mito 12: A mãe deve tomar leite para produzir leite
Realidade: Uma dieta saudável, com hortaliças, frutas, gorduras boas, proteínas de qualidade e carboidratos de baixo índice glicêmico é tudo o que uma mãe necessita para ter os nutrientes adequados para a produção de LM.
Cálcio pode ser obtido por outras fontes que não dos leites/laticínios, como folhosos verdes escuros, peixes como a sardinha e nozes/sementes. Nenhum outro mamífero toma leite para produzir leite.
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Mito 13: A sucção não nutritiva não tem base científica.
Realidade: Lactantes experientes aprendem que os padrões de sucção e necessidades dos bebês variam. Enquanto alguns lactentes tem suas necessidades alcançadas durante a mamada, outros bebês necessitam de sucção adicional ao seio após a mamada, mesmo que não estejam mais famintos.
Bebês podem sugar ao seio quando estão sentido solidão, medo ou dor.
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Mito 14: A mama não deve ser uma chupeta para o bebê.
Realidade: Confortar e atingir as necessidades de sucção ao seio é algo forjado pela natureza. Chupetas são literalmente um substituto materno quando esta não está disponível.
Outras razões para usar o seio como chupeta inclui um melhor desenvolvimento orofacial, uma amenorréia lactacional mais prolongada, evita a confusão de bicos e estimula um suprimento adequado de leite, terminando por aumentar as taxas de sucesso da amamentação.
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Mito 15: Não existe confusão de bicos.
Realidade: A amamentação ao seio e por mamadeiras requerem diferentes habilidades motoras.
Bicos de silicone proporcionam um time de hiper-estímulo que os bebês podem introjetar ao invés do seio, que é mais suave. Como resultado, alguns bebês desenvolvem uma confusão de sucção e aplicam modos de sucção inapropriados ao seio quando estes trocam entre seio e mamadeira.
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Mito 16: Amamentação frequente pode causar depressão pós parto.
Realidade: Acredita-se que a depressão pós parto é causada pela flutuação hormonal após o nascimento e pode ser exacerbada pelo cansaço e pela falta de apoio social, pelo fato desta ocorrer mais frequentemente em mulheres que tem uma história de problemas antes da gestação.
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Mito 17: Amamentar sob livre demanda não aumenta o vinculo mãe-bebê.
Realidade: O caráter responsivo da amamentação sob livre demanda resulta na sincronização de ambos, levando à um vínculo melhorado.
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Mito 18: Mães que colocam muitos os bebês no colo, os deixam mimados.
Realidade: Bebês que são mais acalentados choram por menos tempo durante o dia e exibem mais segurança à medida que amadurecem.
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Mito 19: É importante que outros familiares alimentem o bebê, para criar vínculo.
Realidade: A alimentação não é o único método pelo qual os outros membros da família criam vínculo com o bebê. Acalentar, balançar, conversar, dar banho e brincar são muito importantes para seu crescimento, desenvolvimento e ligação com outras pessoas.
Heller, S. The Vital Touch: How Intimate Contact with Your Baby Leads to Happier, Healthier Development. New York: Henry Holt, 1997;54-55, 60-61.
Mito 20: A amamentação sob livre demanda tem um impacto negativo no relacionamento marido/mulher
Realidade: Pais maduros percebem que as necessidades do bebês são intensas, mas diminuem ao longo do tempo. Na realidade, o trabalho conjunto de criar um bebê pode servir para aproximar ainda mais o casal, à medida que estes vão se desenvolvendo.
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Mito 21: Alguns bebês são alérgicos ao leite materno.
Realidade: O leite materno é a substância mais natural e fisiológica que o bebê pode ingerir.
Se um bebê tem sintomas relacionados à alimentação, normalmente é por uma proteína da dieta materna que passa pelo leite materno. Esse problema acaba quando se retira a proteína suspeita da dieta materna por um tempo e a amamentação pode continuar normalmente.
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Mito 22: A amamentação frequente causa obesidade na criança na infância.
Realidade: Estudos mostram que bebês que controlam seu padrão de amamentação e ingesta, tendem a tomar a quantidade adequada de leite. O leite artificial e a introdução muito precoce de sólidos e não o AME sob demanda, tem sido implicado em obesidade na infância.
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Mito 23: A amamentação deitado pode causar otites.
Realidade: Pelo fato do leite materno ser um alimento vivo e com anticorpos e imunoglobulinas, o bebê tem menor risco de desenvolver infecções no ouvido, não importando a posição em que é amamentado.
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Mito 24: O leite materno não serve mais após 1 ano de idade, porque sua qualidade diminui após os 6 meses de idade. O velho mito do LEITE FRACO (#SQN!!!)
Realidade: A composição do leite materno muda para atingir as necessidades do bebê à medida que ele cresce. Mesmo quando um bebê está comendo outros alimentos, o leite materno é a principal fonte de nutrição no primeiro ano de vida.
No segundo ano de vida ele se torna uma suplementação para a alimentação sólida. Além disso, o amadurecimento completo do sistema imunológico demora entre 2 e 6 anos.
O leite materno continua a complementar e impulsionar o sistema imune por todo o período que durar o aleitamento materno. Na hora da doença, muitas vezes o bebê recusa tudo, menos o leite materno.
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Dr. Percebi que toda vez que bebo leite de vaca meu filho de 3 meses tem cólicas muito forte, já quando tomo o leite zero lactose isso não ocorre, será que ele pode ter uma intolerância à lactose? Existe algum exame que possamos pedir a pediatra para identificar o problema?
Nessa idade é muito rara a intolerância à lactose. Creio que você está confundindo com APLV. Leia aqui: http://www.pediatradofuturo.com.br/alergia-a-lactose-isso-non-existe/
Ola Dr. Boa noite.
Qd fazemos um exame com contraste, devemos realmente ficar 24 horas sem amamentar?
Minha filha tem 1 ano e 9 meses.
Não. Leia aqui: http://www2.imeb.com.br/os-meios-de-contraste-e-a-amamentacao/
O leite materno dá cáries?
Não.
E quanto ao uso de chás em bebês durante os primeiros seis meses de vida? É permitido chás para aliviar gazes nos pequenos? Ex: chá de erva doce ou chá de cominho…
Gases*
Acima dos 6 meses e sem adoçar.